terça-feira, 7 de julho de 2009

Psico-técnicos, psico-cratas, psi-canalhas

Para quem busca "auto-conhecimento" e não quer passar dez sofríveis anos em um divã a fim de "desmistificar suas camuflagens subjetivas" - até porque lá, no divã, você só vai des-conhecer-se - a mais avançada tecnologia psi, elaborada por Skinner e seus adeptos, nos traz um método de verdade do sujeito, digno de nota. Uma nota irônica, por supuesto.

Com a realização de tal exame, o saber não é suposto. É constatado. Vejam por exemplo o famigerado Teste Palográfico, com duração de apenas 15 minutos, o examinando ao soar de alguns sinais passa a riscar tracinhos enfileirados em uma folha em branco. Singelo e maquinal, o teste promete:

Baseado na realização de traçados feitos pelo Sujeito, apresenta dados de ritmo e qualidade de trabalho, fatigabilidade, inibição, elação, depressão, temperamento, constituição tipológica, inteligência, etc.

Que nobre, eles usam o termo "sujeito", e em letra maiúscula.

Esse e mais outros absurdos em:

6 comentários:

  1. se algum promotor ou juiz maluco descobre isso, é capaz de "determinar" que os acusados façam esse teste pra "acabar DE VEZ com essa história de que não é possível averiguar a personalidade do Sujeito"...

    blog adicionado!

    Abs,
    Achutti.

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  2. Preferiria que medissem meu crânio de vez. rsss

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  3. Oi, Aline.

    Sou advogado e estudante de pós em análise do comportamento (PUC/SP). Um amigo (Paulo Gustavo, do Jus Navigandi) me indicou seu blog e estou curtindo seus textos (adorei o post sobre o CQC/moralismo/pedofilia).

    Tenho muitas ressalvas quanto ao uso indiscriminado de testes psicológicos, sobretudo quando se pretende que as ferramentas ofereçam algo que não podem.

    Não me pareceu bem endereçada, todavia, a ironia expressa em "(...)a mais avançada tecnologia psi, elaborada por Skinner e seus adeptos(...)", pelo simples fato de que a tecnologia desenvolvida pela obra desse cientista, em pelo menos um aspecto fundamental, vai em sentido oposto ao cultuado pelos amantes dos famosos testes: a análise skinneriana (e, bem assim, os métodos desenvolvidos pela análise do comportamento) toma o indivíduo como o seu próprio parâmetro.

    Assim, o modelo médico, categorizador, onde se classifica um sujeito de acordo com o seu desempenho frente a uma média populacional, não é legado de "skinner e seus adeptos". Ao contrário, os analistas do comportamento estão mais interessados nas particularidades que influenciam a conduta de cada sujeito. Um clínico skinneriano, a meu ver, nem sequer classificaria seu cliente como psicótico, ou neurótico, ou os vários tipos que outros pensadores fizeram populares...

    Abraços e bom trabalho!

    Gustavo

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